A Universidade no Brasil: concepções e modelos
O mundo da educação superior está em efervescência como nunca antes. Organismos multilaterais, nações desenvolvidas ou emergentes, estados-nação, instituições universitárias e a própria comunidade acadêmica tendem a afirmar que as instituições de educação superior estão em crise. Corrobora para tal o surgimento de teorias Pós-modernas sobre a Universidade difundindo a crença que a sociedade de hoje transformou-se: vivemos numa era da informação onde o conhecimento é fragmentado por sua instrumentalização e por sua concepção como comodities. No período histórico-social anterior - o moderno, a essência da universidade era a construção da narrativa totalizante, tornando-se, hoje, uma instuição de menor importância para as demandas políticas e culturais da condição pós-moderna. É reconhecido, por um lado, o declínio do monopólio do conhecimento na universidade e em suas antigas funções e, por outro lado, a existência atual de uma diversidade de modelos de universidades e tipos de conhecimento. A universidade pós-moderna (Delanty, 2001) contesta o conhecimento global e reconhece a emergência de conhecimentos locais. Existem muitos tipos de conhecimento e um crescente ceticismo sobre a afirmação do universalismo construído sobre valores da racionalidade cognitiva. (Morosini, 2003)
Frente a este quadro estão sendo realizados estudos sobre a educação superior em diferentes níveis. Paradigmas estão sendo questionados e regras são ditadas - novos modelos são propostos. Sob os tradicionais modelos universitários humbolditianos e francês-napolêonico são ofertados o modelo empresarial, o internacional e o da universidade empreendedora e sustentável (Clark, 2000), entre outros. Nesta sociedade do conhecimento questões tais como: captação de cérebros, manutenção, qualidade internacional, barreiras comerciais, propriedades intelectual e rompimento da lacuna digital, são postas como agenda. A orientação econômica com respeito ao conhecimento deixa de lado para países em desenvolvimento, a consideração da importância do uso do conhecimento para a busca de maior equidade nas suas sociedades ou ainda, do uso do conhecimento produzido como ferramenta de desenvolvimento. Smart (2005. p. 107)
Frente aos arrazoados da pressão global, da perspectiva espaço tempo, podemos nos questinar: existe uma experiência brasileira de universidade? Como podemos identificá-la? Quais são os traços universais e específicos que a experiência nos ensina? A busca de respostas a tais questões é a contribuição que este livro pretende oferecer a seus leitores.
SUMÁRIO
PARTE I - Universidade brasileira no século XXI e o modelo universitário inicial
CAPÍTULO 1 - A Universidade Brasileira Conteporânea: Tendências e Perspectivas
Dilvo Ristoff (Diretor de Estatística e Avaliação da Educação Superior/Inep)
CAPÍTULO 2 - UDF: construção criadora e extinção autoritária
Maria de Lourdes de Albuquerque Fávero (UFRJ/UCP)
PARTE II - Concepções e Modelos Universitários
Universidades Federais
CAPÍTULO 3 - UFPr: Uma universidade para a classe média
Regina Michelotto (UFPr)
CAPÍTULO 4 - UFRJ: Origens, construção e desenvolvimento
M. Lourdes de A. Fávero (UFRJ/UCP) E Helena Ibiapina Lima (UFRJ)
CAPÍTULO 5 - UFRGS: da "Universidade Técnica" à universidade inovadora
Maria Estela D. P. Franco (UFRGS) e Marília Morosini (PUCRS)
CAPÍTULO 6 - UFMG: projeto intelectual e político de universidade
Maria do Carmo Lacerda Peixoto (UFMG)
CAPÍTULO 7 - UnB: Da universidade idealizada à "universidade modernizada"
João Ferreira de Oliveira (UFG); Luis Dourado (UFG); Erasto Fortes Mendonça (UNB)
CAPÍTULO 8 - UFAL: de um fenômeno tardio a uma maturidade singular
M. das Graças Medeiros Tavares (UFAL) Elcio de Gusmão Verçosa (UFAL)
CAPÍTULO 9 - UFPA: Um modelo de universidade multicampi para a Amazônia
Vera Jacob Chaves (UFPA), Olgaíses Cabral Maués (UFPA) e Luciene de Medeiros (UFPA)
CAPÍTULO 10 - UNIFESP: de uma escola livre de medicina à universidade da saúde
Otília Seiffert (Unifesp)
Universidades Comunitárias e Confessionais
CAPÍTULO 11 - PUCRJ: Pioneirismo e mudança
Stela Cecília Segenreich (UCP)
CAPÍTULO 12 - PUCRS: a universidade inovadora no contexto de confessionalidade
Maria Helena Abrahão e Marília Morosini (PUCRS)
CAPÍTULO 13 - UNIMEP: haverá um modelo confessional de universidade brasileira?
João dos Reis Silva Júnior (UFSCAR)
CAPÍTULO 14 - UNIJUI: Expressão do segmento comunitário
Mariluce Bittar (UCDB)
Universidades Estaduais
CAPÍTULO 15 - USP e a formação de quadros de dirigentes
Afrânio Catani (USP) e Ana Paula Hey
CAPÍTULO 16 - UERJ: Da gênese utilitária aos compromissos "Pró-Ciência"
Deise Mancebo (UERJ)
CAPÍTULO 17 - UNICAMP: "Cérebros, cérebros, cérebros"
Stella M. Meneghel (Furb)
Parte 3: Desafios dos modelos universitários
CAPÍTULO 18 - Universidade inovadora: entre a tradição e a renovação
Jorge N. Audy (PUCRS)
CAPÍTULO 19 - Universidade no Brasil: dos modelos clássicos aos modelos de ocasião?
Valdemar Sguissardi (UNIMEP)
Relação das IES Brasileiras